Amo-te inutilente
Amo-te inutilmente...
Mornas mãos estas tuas
que acariciam o que escondo
na pálida imagem de mim mesmo,
soberbo, ao beijar-te de longe,
confundindo-me com o teu amor.
És a estrofe mais bela do meu poema,
a que trago n’alma serena
sendo minha só
na ilusão de um desejo.
Deixa-me amar-te apenas
do lado de cá do meu abraço
onde te tenho perfumada
na maior essência faz-me o alvo
setado de tua indiferença.
Amar-te, pois, é rude exercício para mim.
Sabes por quê?
Não há aí
o que aqui desejo.