O POETA NÚ

Nú em pelo

Com a respiração pesada

após o gozo do desejo

O suor percorrendo os corpos

como gotas de orvalho

numa manhã de janeiro

Ainda assim, ela nunca me viu nú

Seus olhos suplicavam em silêncio

implorando pra que eu me despisse

Senti no fundo de meu coração

que ela realmente queria me conhecer

Confesso-me constrangido

Jogar as roupas num canto

enquanto nos perdemos

em movimentos e gemidos

é uma coisa.

Mas ela queria ler minhas poesias

Sinto-me verdadeiramente nú

somente quando escrevo

São os momentos em que

jogo fora todas os meus trapos,

máscaras e trajes falsificados

Quando escrevo,

sinto pelos dedos que estou

me expondo ao mundo,

o que realmente sou,

nada a ver com o que penso de mim,

e muito menos com os que outros

acham que eu sou

Não.

Nenhum olhar suplicante

partindo daquele corpo lindo

embalado num lençol branco

Nem os cabelos longos pretos suados

escondendo ligeiramente

aqueles olhos cor de mel

me deixarão nú

Cara leitora,

acabo de me despir

perante a ti

Recolha cada uma das palavras

e guarde com carinho.

Deep Blue
Enviado por Deep Blue em 24/01/2013
Código do texto: T4102717
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