Singular

(Estrada Humana - Otávio Costa)

Por que abrir esta porta?

Agora tenho que contar quem sou e sonhos que tenho

Atenda-me, por favor, que não marquei hora no analista

Apego-me aos passos, desviando-me das conseqüências,

A que eles tem me dado,

Não crio mais no fim da tarde

Quem estabelece freios a minha vida agora é o relógio do tempo

Sinto-me não desesperado mas desgastado,

Mal tratado e engessado, assado, estressado, sem graça,

Comprando as horas para viver em êxtase com a mediocridade

Estabelecendo limites ao ser para não comprometer o ter

Quero estar sem pressa para amar e viver

Entender onde anda a linha do horizonte

Não despertei para os anseios que tive

No lugar de desejos ardentes plantei ilusões em tempo nefasto

Gosto da vida, de perfumes,

Não espero para amanhã,

Crio espaço aqui para mim hoje

Uso sandálias ao invés de sapatos e diplomas

Acredito em ideais fantásticos

Não em logística de consumo da sociedade

Exponho pensamentos agora, assim ...

Quando ébrio me divirto mais comigo mesmo

E em homem comum me transformo

Para inúmeras perguntas que me faço hoje,

Já não posso encontrar respostas onde minha juventude guardou

Ler tempos dispersos

Em vida perversa

Ela presenteou-me tarde

Eu fico admirado com a vida

Como ela mexe comigo

Em suas regras é tão regrada

A esperança por mim é tão esperada

Sua amizade inestimável

Queria algo seu

De muito valor

Talvez uma música que lhe fale a alma

Um título de livro que lhe mudou

A visão das coisas (perdeu a miopia)

Uma estória especial

Uma presença

Que em alegria transformou

Seu estado de espírito

Fez-te soletrar versos

Fazer poesia

Batizar dias felizes

Quero ler bem o que me escreves

Capturar para mim

Suas palavras e seus derivados

Que os sons e formas esclareçam

Porque o bem estar vem com elas

Em profunda sintonia.

Estrada Humana
Enviado por Estrada Humana em 12/03/2007
Reeditado em 12/03/2007
Código do texto: T410030
Copyright © 2007. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.