O inferior

Eu senti desde sempre

Que nada nunca seria diferente

Por tudo que eu faço, por mais que eu tente

Você indefere o indiferente

Os caminhos tortos pelos quais segui

Não justificam a dor que vem de ti

A solidão que permanece em seu olhar

As águas que caem e caem, mas nunca chegam ao mar.

Os cabelos brancos vítimas do tempo

Caídos pelos ombros, protegendo o templo

O belo rosto surrado pelos ventos que batem contra

E os sonoros assovios, que de tempos e tempos descontam.

Os olhos claros esverdeados

Que da esmeralda foram copiados

Trazem consigo a vida das florestas

Esverdeando o amarelo, cujo qual nada mais resta.

As flores seguem o seu contorno

Enraizadas e lamuriadas, esperam seu retorno

O sol brilha com grandiosa luminosidade

Esperando a sua volta para saciar sua saudade.

Os maus tempos que circulam nossas vidas

Temem suas perspectivas cheias de sabedoria

Pois sabem bem que não conseguem assustar a ninguém

Quando existe uma pessoa de bondade tão aquém.

Sei que ninguém é merecedor

De viver debaixo de seu teto e de seu calor

Suas causas são grandes demais para um eu tão inferior

Que mesmo sendo pobre de espírito, é rico de amor.

Contento-me em regar as flores que se enfileiram

E ser o guardião das florestas que se esverdeiam

Sei que não posso ter suas razões e aspirações

Mas cuidarei de longe para que mantenha suas feições.

Sou apenas um eterno escravizado

De um sentimento ainda inocente e aprisionado

Sou apenas mais um jovem que ficou preso em grilhões

Paralisado pelo amor, membros sem ações.

Venha ser comigo tudo que não sou

Tudo que deixei de conquistar quando me conquistou

Todo o ódio que sinto ao te amar

Por todas as vezes que minhas águas não tocaram o mar.

João G F Cirilo
Enviado por João G F Cirilo em 23/01/2013
Código do texto: T4099701
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