O inferior
Eu senti desde sempre
Que nada nunca seria diferente
Por tudo que eu faço, por mais que eu tente
Você indefere o indiferente
Os caminhos tortos pelos quais segui
Não justificam a dor que vem de ti
A solidão que permanece em seu olhar
As águas que caem e caem, mas nunca chegam ao mar.
Os cabelos brancos vítimas do tempo
Caídos pelos ombros, protegendo o templo
O belo rosto surrado pelos ventos que batem contra
E os sonoros assovios, que de tempos e tempos descontam.
Os olhos claros esverdeados
Que da esmeralda foram copiados
Trazem consigo a vida das florestas
Esverdeando o amarelo, cujo qual nada mais resta.
As flores seguem o seu contorno
Enraizadas e lamuriadas, esperam seu retorno
O sol brilha com grandiosa luminosidade
Esperando a sua volta para saciar sua saudade.
Os maus tempos que circulam nossas vidas
Temem suas perspectivas cheias de sabedoria
Pois sabem bem que não conseguem assustar a ninguém
Quando existe uma pessoa de bondade tão aquém.
Sei que ninguém é merecedor
De viver debaixo de seu teto e de seu calor
Suas causas são grandes demais para um eu tão inferior
Que mesmo sendo pobre de espírito, é rico de amor.
Contento-me em regar as flores que se enfileiram
E ser o guardião das florestas que se esverdeiam
Sei que não posso ter suas razões e aspirações
Mas cuidarei de longe para que mantenha suas feições.
Sou apenas um eterno escravizado
De um sentimento ainda inocente e aprisionado
Sou apenas mais um jovem que ficou preso em grilhões
Paralisado pelo amor, membros sem ações.
Venha ser comigo tudo que não sou
Tudo que deixei de conquistar quando me conquistou
Todo o ódio que sinto ao te amar
Por todas as vezes que minhas águas não tocaram o mar.