É infinito o encanto e infinda a dança
É infinito o encanto e infinda a dança
quando adormeces nos galhos de noite
e, virgem de afectos, acordas tal criança,
enroscada em filamentos de gaza,
pela luz rutilante d’alvorada ...
E quando os meus dedos ágeis deliram
sobre os poros abertos da tua pele rosácea ...
No toque e no afago.
Cerra os olhos, foca-te no piano que toca,
cerra-me artérias, veias loucas,
nos sons dum ousado, segredado Tango.
E no declinar
do queixo,
delicadamente no teu peito.
Projecta bem longe, em planícies de mares,
a magia de nós, almas enlaçadas
sobre lençóis lavas de águas, fulgurantes.
Repara que já é dia...
que no cimeiro monte, há muito canta a cotovia,
e que o nosso tempo, se esvai, compasso ardente,
(Pois este segundo mudo, dura apenas um ápice d’instante.)
E que cada enlace de andamento
desenhado com o corpo, cruzado, sibilante, pelo ar,
emerge para além de mil Marés de Neptuno.
No encanto...
Projectando o aprumo
de dois corpos adjacentes em eterno viajar.
Que deste gesto, dissipado, vagabundo,
de linhas finas, apenas baba, apenas espuma ...
restará no firmamento, o cetim de odores sem fim,
guardados no silêncio, cofre secreto -
- mas permanecerá aqui, até e para além
do teu regresso -, a enfeitar o meu Mundo!
E que da matinal alegria
das palmas cravadas na raiz de um novo dia,
na andança, no rodopio desta dança,
serás Pierrot, a ofuscar
Estrelas, luas cheias de luar...
Porque tu, sim.... foste feito para brilhar
Como uma Estrela que cruza os Céus,
Dança a Valsa, dança o Tango
E deixa que a Alma se eleve e te domine ...
Dança, uma melodia sem fim ...
Sejamos então .... simplesmente,
Pierrot e Colombine...