Sibilam pedras na encosta
Sibilam pedras na encosta quando a noite vermelha
se anuncia desnuda de sentido.
Quando a Alma insana vareja entre a plana Planície
e a árida bainha marítima.
E as vozes dos gestos detonados nos rumorejam
a força intempestiva do desejo.
Num jogo de espelhos envelhecidos - a ponto sombra e
a ponto luz -, a cidade adormecida antes de nós,
reabilita-se no oiro bruxuleante de candeeiros antigos.
No Cais de onde não partem ou chegam barcos,
elevam-se nos mudos bicos das Gaivotas, dores, gritos...
Ondulam-se na Planície os Sobreiros e aqui na orla,
seculares Palmeiras. Corvos coreógrafos encenam
novas coreografias em madrugadas infinitas,
para além do que a vista alcança. Voláteis danças.
Sibilam pedras, rolam destemidas na encosta,
afundam-se em quedas abissais. Rebolam bojudas
em prantos ausentes de fragrâncias.