Hoje...
Não ergo meu doce olhar
Neste apogeu de desvarios
Onde a vida já não é vida
E os sonhos perderam a cor...
Só o silêncio, nesta ilusão amarga, d’um possível regresso
Destas sinuosas curvas que o destino escarrou...
Não acendo as luzes
Faltam motivos para usar um batom
A sombra do teu corpo nos lençóis foi tudo que restou...
Entre as portas, as janelas cerradas,
As caixas de vidro
Os frascos , Os gritos..
O pouco do amor que ficou...
E o amor que inda vive, como outro que existiu
Era tudo teu
E o mundo, nosso
Hoje, nada!
Somente o medo de abrir as janelas e deixar o sol bater...
Somente a dor desfigurada do desentendimento, das des-horas
Nenhum momento de alívio...
Meu eu sem nenhuma oração a Deus,
De esperança...
E de quanta esperança desperdiçada eu inda vivo?
E nem disso, nem disso!