POEMINHA DESBOCADO
Necessito urgentemente de Beleza.
Preciosa, sem travas nos dentes,
que nem língua guarde sigilo.
Meus olhos estão roxos,
não têm visão para o belo,
e esta manhã nasceu nublada.
Preciso da Poesia, de sua ironia,
cabelos em cachos
escorrendo entre os dedos.
Quero o verso desbocado,
que sussurre ao ouvido
e me chame de homem.
Poema de sêmen e pele.
Real silhueta, seios e coxas roliças.
Escondendo dentro dela
o mistério dos segredos,
o sótão úmido e o prazer
de uma goma de mascar.
E que a palavra, só ela
– nua –
destrave o sigilo.
– Do livro BULA DE REMÉDIO. Porto Alegre: Caravela, 2011, p. 65.
http://recantodasletras.uol.com.br/poesiasdeamor/40925