É ela, é ela, é ela
É ela, é ela, é ela
Que eu avistei da varanda
Sobre os seus olhos na janela
Que criatura mais linda, bela
Com suas coxas despidas
Os seus seios sobrepujantes
Sentir um arrepio, um calafrio
Que passou pela nuca até o fim da canela
Com aquele seu olhar lânguido, doce e vil
Sonhei acordado desejando aquela musa
E entreguei-me a esse amor pueril
Tornei a passar novamente pela mesma janela
Para ver se os meus olhos iam de encontro ao dela
Senti-me como um cavaleiro que protege uma donzela
Tornei-me obsessivo, armei sentinela
Então pensei, meu Deus só pode
Ser ela, ela, ela
Que faz o meu coração bater tão forte
Que chega a sentir na costela
Imaginei-me em um conto de fada daqueles
Que tudo parece sonho de primavera
Porém a veio a verdade bater em minha porta
E derrubar o meu orgulho do alazão
Descobri que minha amada de olhos doces e enigmáticos
Possuía apenas um olhar confortante
Mas um caso de amores trágicos
Tornei-me a sentir um fracassado
Andando por becos e ruelas aos frangalhos
Abatido, sozinho e exausto
Não pensava em mais nada somente nela
Aquela história para mim foi indigesta
Senti-me com uma adaga no coração
Que atravessa o peito até a goela
deixando preso a respiração
De mim sobrou apenas o cadáver do poeta
Pois não aceitava ver outro amor
Confortado nos braços dela
Pois me enganei a pensar que o meu amor seria somente para
Ela, ela, ela.