ah, junho

ah, junho...

extasiado fiquei

ao receber teu olhar absolutamente puro;

fiquei brindando nosso encontro feito pagão,

no auge da madrugada,

e percebi que nunca mais estarei sozinho.

junho ficará como lembrança

do leve esbarrar de nossas almas...

ah, junho...

sentados naquela mesa ao pé da lareira

entre as flores que haviam,

trocamos nosso amor de lugar

daqui, pra lá,

e de lá fez-se o ouro

do branco ao rose.

e cantamos um pro outro baixinho

como se tentássemos prever

o que haveremos de fazer

depois que nosso sonho madurar.

ah, junho...

senti um alívio preencher suavemente

todos os cantos do meu corpo,

leve, assim,

como tem que ser.

e o junho em nossa vida de novo.

de súbito, um frio na barriga.

mãos dadas ao acaso,

nossos passos lado a lado

e um amanhã por fazer.