Nunca te vi...
Nunca te vi...
Te percebia nas flores da madrugada,
És aquela fragrância familiar que a rosa milenar
Guardou no bojo da eternidade.
Te cantava, e não sabia que era o teu apelo.
Doce era a melodia que vinha da noite,
Cada nota era um bálsamo e um açoite:
Contudo, sempre um deleite para o meu espírito.
Procurava-te, e era em mim que te encontrava,
Sempre no mesmo lugar, na mesma vibração.
Eu sabia-te, quando o sentimento em mim
Surgia para além do sobrenatural, na sublimação
De todas as líquidas e etéreas sensações:
Pressentia-te antes mesmo de estar em mim.
Aprendi-te na revolução dos mundos,
Nas elipses e eclipses solares e lunares,
Eras tu o sinônimo que chamo de harmonia
De astros, planetas, galáxias e universos afins.
Nunca quis, porém, te definir, e não foi
Por comedimento ou ausência de vernáculos:
Eu sempre te amei...