CICLOS

No teu tempo,

colho frutos em ânsias

de sofreguidão fremente.

Da tua alma, do teu corpo,

bebo de ti, em sedes

impossíveis de mitigar.

E gasto-me, nesse processo

gigantesco de te querer

mais do que a mim.

No meu tempo

é que me retempero,

e me recrio, diáriamente.

No meu tempo

è que reconstruo e ergo,

uma vez mais,

as paredes

do meu espaço próprio.

È para lá que eu fujo.

Ciosamente.

Meticulosamente.

Para me reencontrar.

E é nesse espaço reconstruído,

que eu ressurjo

em novas facetas e brilhos,

que mais não são

do que outros trilhos,

conduzindo-me a ti,

levando-me como estou.

Porque, no teu tempo,

és tu que me colhes.

Mas, no meu tempo,

sou eu que me dou...