CAMINHAR NO SONHO

é na sua púbis coberta apenas pela lágrima de uma fada

que aprendo a caminhar no sonho

e aonde o fogo é a palavra que dança

democracias furiosas lambuzam as faces no doce do caos

eu não existiria sem a sua pele transmitindo suavidades cortantes

preciso da vertigem que só você deixa na ausência

aonde a sacralidade é violada

o banquete serve os olhares de súplica dos inimigos

sei tecer o invisível quando se trata de apropriar da sua nudez

no momento que a Natureza urra êxtases genéticos

e a teofobia da dor espalha arruaças nos parques cibernéticos do poder

onde aves migram retornos desvairados ao paraíso

seguindo a estrada largamente espiritual da desolação

longe do meu sonho guardado na tenda devassa

em que você dança vestida com a saudade

p'ra que a aurora venha na carne da vontade que lhe dei

e o parvo adquira o dia do leão

porque no seu sexo a possibilidade deixa de ser estátua

e vem guerreiro nômade