O PÁSSARO DA SEPARAÇÃO

Quando teus olhos de colírios

Passaram a ser o meu velório

Quando minha dor na tua mão fria não escondia

E tudo nesse viveiro passara a ser público e notório

E meu sobrenome esboroava-se em fracasso junto ao teu

Ateu sem penitencia eu jejuava no espírito

Era apenas uma sentença leve no cartório

A separação como uma brisa da manhã

Se esfarelava diante do crepitar insolente

E escaldante do sol de verão

Como uma procissão de lágrimas

Meu mundo escorria na sofreguidão

Sem você perdi parte integrante do que sou

Dos meus olhos resvalava todo teu mundo

Quando meu eco no teu ego sumia

Nada em mim restou

Não sorrio porque não vivo

Não implodo porque não sei

É minha lei chorar agora sou crivo

São fontes cristalinas filtros de meu sofrer

Diante da seca que castiga meu árido sertão

Pontes estradas e riachos doces na lembrança

me levam no pensamento até você

A garça esgarça na graça azul do vento

O coração resseca de murmúrios

Não há esperança neste adeus sem sentimento

No lenço um pássaro sem céu chora preso na mão

Enredilhado na pluma enamorada da paixão

Agora se debate na carne imerge-se

E se abisma no chão

De tanto que já sofreu

Soçobram resquícios do sol na preamar

Rastros de sombras em meus vagos delírios

Tudo se perdeu há sombras no meu céu

Sem a lua escureço

Emudeço

Mudaram-se os endereços

É noite sou ocaso escureço

Sou morcego na boemia

Sou verso sem reverso

Letra sem poesia...

Jasper Carvalho
Enviado por Jasper Carvalho em 08/01/2013
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