Jejum
Como um condenado faz greve de fome,
Penso em fazer jejum de poesia.
Talvez assim,eu possa me curar
Desse terrível mal que me consome,
Do vício que insiste em me escravizar
E que se torna maior a cada dia!
Mas,não é fácil abandonar os vícios;
Isso implicará em muitos sacrifícios!
Não viver cantarolando ou rindo à toa,
Esquecer o que me alegra ou magoa,
Não pensar num certo alguém,principalmente,
Nem falar de amor ou de poetas...
Mas,como esvaziar a minha mente,
Se é do imaginar que me alimento,
E sem fantasia não há como viver?
Impossível cumprir todas as metas!
Não consigo mudar,e nem mesmo tento...
Quebro o jejum recém-iniciado,
E,como sempre faz um viciado,
Me entrego á poesia com o maior prazer!