DANÇANDO NA FOGUEIRA

nenhum acorde redondo do violão se compara

à selvagem arrancada da motocicleta

na avenida brasil do sonho do verão permanecido

toda lembrança é uma presença aquecida

sanfonas cilindradas urram contrabandos atlânticos,

anjos de asas metálicas enterram ossos embaixo do trono do sol,

enquanto pistoleiros separam borboletas das cores

bons artistas são bandidos primorosos e ninguém o próximo socorre

mais do que o desejo a espada é o olho louco,

o carro inaugural é a fera pintada de luxo exótico

pois só o canalha sabe o caminho

a ponto de grudar a silhueta na porta

extorquindo planos de quem já nem sorri por conveniência

porque eu larguei cavalo e caravela

e não quero mais saber nem do bode a cara nem do processo

porque senti na sua boca o sonho de uma flor

que só na manhã se abre,

e nunca mais deixo você

ainda que seja o meu amor dançando na fogueira

o sacrifício que mantém a sua alma incólume