CONTOS DE UMA VIDA (SEGUNDA PARTE)
Despertei de um sonho épico,
Que me parecia tão real
Quanto o cantar dos pássaros
Na manhã ensolarada.
Fiquei com uma sensação estranha,
Como se algo me atraisse
Para aquele lugar de meu sonho.
O desejo de subir naquelas montanhas,
Consumiam-me a carne e os pensamentos.
Não resisti e segui em direção àquela montanha.
A jornada foi longa,
Mas consegui alcançar meu objetivo.
Os ventos fortes que sopravam,
Despertavam em mim
Um déjà vu de esperanças,
Aumentando as sensações de ansiedade e euforia
Que consumiam meus pensamentos.
Minha visão percorreu todo o horizonte,
A procurar algo tão ou mais brilhante,
Quanto o reflexo do Sol nas águas.
Não pode ter sido apenas um sonho.
Não vi nada que chamasse a minha atenção.
A ansiedade e euforia foram sumindo,
Dando lugar a uma forte decepção,
Que aquietava as batidas do meu coração.
E pesava sobre meus ombros,
Como uma carga pesada.
Já estava determinada a voltar ao meu lar,
Quando ouvi de longe,
Como uma súplica desesperada:
"Não vá ainda."
Meu coração acelerou novamente,
Procurando deseperadamente,
A direção daquela voz,
A qual me isentava de qualquer outro pensamento,
Que não fosse a alegria da confirmação,
De um sonho se tornando realidade.
Finalmente o encontrei.
Meu cavaleiro de armadura prateada
Era tão visível e real,
Quanto as ondas que se chocavam violentamente
Nas paredes ao pé da montanha, onde eu estava.
"Sonhei com você cavaleiro."
Quando eu disse isso,
Ele esboçou um sorriso tímido,
Fixando seu olhar em minha direção.
"Eu sonho com você
Na totalidade dos dias
Dos últimos anos
Antecedentes a este encontro."
Quase perdi os sentidos.
Meu corpo estremecia de tanta felicidade.
Sentia que já o conhecia,
De outros sonhos ou de outras vidas.
Mas como ele sabia onde eu estava?
"Segui meu coração
Que me guiava na mesma direção
Dos ventos no litoral.
Eu senti que algo de especial acontecera,
Já que ouvi um coração bater tão forte,
Quanto os sons de um trovão."
Ele podia ouvir meus pensamentos,
Como se estivesse no meu sonho.
O grande oceano que nos separava,
Não foi suficiente para apagar
As chamas que acenderam em nós
Naquele encontro real e desejado.
O dia estava dando lugar à noite,
E tanto ele quanto eu,
Tínhamos que voltar aos nossos lares,
Mas nenhum de nós dois queria ir.
"Vamos nos ver novamente?" eu pergunto.
"Veremo-nos sempre nos sonhos
Que anseiam uma 'realidade' concretizada.
Estarei aqui todos os dias.
Deixarei mensagens para que os ventos
Levem-nas até onde você está.
Não se preocupe, acharemos meios
De nos encontrarmos novamente."