Poema 0986 - Viajante de sonhos
Navego teus pensamentos,
os mais loucos,
leve como vento de chuva fina,
roupas e cabelos molhados de saudade.
Vejo-te sem espanto,
tens asas como pássaro,
caminhas como quem flutua
no olhar de um destino...
Ultrapassando seus crepúsculos,
cheira como flor de maio,
brilha com luz forte de raios de sol
moldando a paisagem do rosto.
Este é o retrato que reparava ontem
debruçado na minha solidão,
sonho contigo em uma pequena rua,
logo desaparece em meio à névoa.
Volto os olhos para alma,
pareço vulgar correndo desejos,
fico imóvel por alguns segundos,
não a encontro, retorno sem resposta.
Lembro dos arco-íris que desenhei,
as nuvens espalhavam no meu céu,
nele existia uma cachoeira de prazer,
leve e forte, em um suave extasiar.
Preciso do ar de amor que respiro,
da lua no meio do paraíso,
um sol descoberto só pela manhã
e milhares de sins nas mãos que me afagam.
De repente todas as portas se abrem,
tempestade de prazer sem o vento forte,
descobre-se então teu corpo,
um louco e infindável desejo de carne.
Abraço os desejos com olhos de gula,
contemplo tua boca antes de beijá-la,
deixo livre a respiração, sopro o ontem,
no desespero da saudade... te amo.
09/03/2007