Amar é Saber Ver…

Teu olhar é minha casta e turbulenta cama

Onde quero depositar os mistérios de quem ama;

E te revelar as máscaras de minhas alegrias e dramas,

Mesmo que meu ser se dilacere em minhas chamas.

Por favor, não entristeça assim este teu lindo olhar,

As verdades de dois corações são instáveis como o mar.

Sim, nossas almas se desejam, mas temem navegar

Nesse sentir de primaveras que podem sim outonear.

Que tua língua permaneça filosofando em minha boca,

E teu corpo, suave e abstrato, seja a luz em meus invernos.

Teus seios, teu rosto, tuas ideias, tudo em ti é intenso e terno,

Assim como é indomável e cativante esta tua alma tosca.

Por que tal medo em revelar a si mesma ou se ferir?

Por que desistir de si ao cogitar que tudo dará errado?

A árvore não crescerá bem se o solo antes não for cultivado

Pelas mãos de nossas emoções que em si querem se unir.

Por que adiar uma dor antes de tentar uma vivência?

Por que não celebrar uma vitória antes do sol se por?

Inferno é abandonar a si na ilusão de Dor da ausência,

E se nutrir a cada dia de saudades de um não vivido amor.

Olhe fundo em meus olhos e me creia: eu te amo demais!

Não permita que meu coração apague o seu fluxo em ti.

Não te amar é contra minha alma pecar e assim sucumbir;

Se fugires, verás o teu cadáver enterrado em ópios abismais.

Amar é saber ver além das retinas e de toda silenciosa aridez;

Não há fórmulas plenas; é aprender a amanhecer e se deitar.

Os tolos e os sábios dançam e choram de nossas mentes no altar,

Pois amar é colher e desfolhar ao outro os frutos da própria nudez.

Gilliard Alves Rodrigues

Gilliard Alves
Enviado por Gilliard Alves em 05/01/2013
Reeditado em 05/01/2013
Código do texto: T4068765
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