CIÚME
Tenho ciúmes de ti.
Tenho ciúmes do tempo.
Da roupa,
da morte,
do vento.
Estou longe de tudo
e choro
de ciúmes.
Cravo os dentes no pão
e sinto ciúmes.
O cheiro do café não afasta
meu ciúme.
Onde esteves?
Com quem?
Ao meu lado, ontem,
em quem pensavas?
Posso te amar
com ódio enrodilhado
no ciúme.
E grito em silêncio
que te amo,
te amo,
te amo,
te amo.
Grito com ódio,
furor intenso,
vagalhão.
Grito que preciso
e mordo as correntes
que colocaste em meu coração.
Penso em liberdade,
mas, na verdade,
amo essa prisão.
O ciúme me aflige:
Pai, afasta de mim esse cálice!!!