Gemido de Violino
Uma lágrima se solta ... sem ventos, sem
brisas ... se volatiliza num gemido de violino!
Dormes. Por dentro da luz ténue de silêncios
finos, silenciados na concha tumular que cobre
todas as pedras desalinhadas da calçada.
Hoje caminho na Avenida. Piso a passos precisos
os trilhos por onde tantas vezes viajaste
sózinho dentro de mim. E sozinho em ti,
perdido num labirinto. A nebulosa esmaecida
teima em perpetuar-se à minha frente.
Persistente, a lágrima cristalizada se solta,
rola extemporânea. Avança, morde e beija a boca.
Tem o sabor salgado da Saudade e, contudo,
liberta, traz-me de regresso à realidade.
Refulgentes, os raios iluminados da manhã,
traçam nos paralelepípedos novos desenhos
constelados. Das ruas pardacentas,
aos poucos, a espasmos, a Primavera brota.
Estrangula o vazio e a melancolia nostálgica.
Emerge em sons. Eternas sintonias Genésicas.
Na igreja em frente, toca o sino.
As ruas recobrem-se, serenas, com as cores
brancas do seu manto Divino.