Migalhas
O tempo cuidou de guardar
as tuas lembranças dentro
do velho livro,
esquecido na estante.
Vez ou outra leio um poema,
teço outros versos, ainda
pensando em ti.
Migalhas.
Um pássaro costuma visitar
minha janela e emite
um canto dorido,
carregado com as tintas
da melancolia.
Ele divide comigo
uma dor que não espera,
pois está impregnada
de tuas palavras,
inserida em tua partida.
Romperam-se alguns laços.
Opção tua.
Talvez tenha sido o melhor,
mas de quando em quando
faço algumas ponderações.
Migalhas.
A Caixa de Pandora se
oferece às nossas mãos.
Abri-la ou simplesmente ignorá-la?
Talvez sejam migalhas.
Cronos não respeita meu tempo,
pois dele faz horas intermináveis,
e soluços abafados nas noites insones.
Os teus versos reverberam no
sangue de minhas veias e
sei que deles não posso prescindir.
Afinal, tudo migalhas.