Migalhas

O tempo cuidou de guardar

as tuas lembranças dentro

do velho livro,

esquecido na estante.

Vez ou outra leio um poema,

teço outros versos, ainda

pensando em ti.

Migalhas.

Um pássaro costuma visitar

minha janela e emite

um canto dorido,

carregado com as tintas

da melancolia.

Ele divide comigo

uma dor que não espera,

pois está impregnada

de tuas palavras,

inserida em tua partida.

Romperam-se alguns laços.

Opção tua.

Talvez tenha sido o melhor,

mas de quando em quando

faço algumas ponderações.

Migalhas.

A Caixa de Pandora se

oferece às nossas mãos.

Abri-la ou simplesmente ignorá-la?

Talvez sejam migalhas.

Cronos não respeita meu tempo,

pois dele faz horas intermináveis,

e soluços abafados nas noites insones.

Os teus versos reverberam no

sangue de minhas veias e

sei que deles não posso prescindir.

Afinal, tudo migalhas.

Rita Venâncio
Enviado por Rita Venâncio em 04/01/2013
Reeditado em 24/01/2013
Código do texto: T4067301
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