Amada inebriante

Deusa carnal de esbraseados lábios

e seios túrgidos, olhar selvagem,

no mar provocas um vendaval

calcando as ondas aos teus pés

nus, braços em cruz.

Pára: não meças forças com o sol

e vem! Arrebata-me do furacão

e cala-me a boca como queiras.

Ligeira, trança-me às costas tuas mãos,

arrasta-me às pedras e dá

de beber ao sôfrego sedento

a água que despenca da tua fonte

surreal, cachoeira que devassa e revigora.

Descomunal vilipêndio não faço:

aguardo, te largo à tua fúria

de fêmea e aprecio enquanto

esmoreces. Eu lembro

que todas as vezes, se canso,

não tenho escolha. Normal.

Caso venças a tua potência lunar

e de novo queiras, traiçoeira,

consumir-me em toda a chama que ainda resta,

não peças: fecha os olhos,

pára os astros, abre as asas

e vem!

Agostino Bruni
Enviado por Agostino Bruni em 03/01/2013
Código do texto: T4065533
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