Amada inebriante
Deusa carnal de esbraseados lábios
e seios túrgidos, olhar selvagem,
no mar provocas um vendaval
calcando as ondas aos teus pés
nus, braços em cruz.
Pára: não meças forças com o sol
e vem! Arrebata-me do furacão
e cala-me a boca como queiras.
Ligeira, trança-me às costas tuas mãos,
arrasta-me às pedras e dá
de beber ao sôfrego sedento
a água que despenca da tua fonte
surreal, cachoeira que devassa e revigora.
Descomunal vilipêndio não faço:
aguardo, te largo à tua fúria
de fêmea e aprecio enquanto
esmoreces. Eu lembro
que todas as vezes, se canso,
não tenho escolha. Normal.
Caso venças a tua potência lunar
e de novo queiras, traiçoeira,
consumir-me em toda a chama que ainda resta,
não peças: fecha os olhos,
pára os astros, abre as asas
e vem!