* Só-letrando o amor ...

"...Fiz de mim o que não soube

E o que podia fazer de mim não o fiz..."

(Trecho de "Tabacaria", F. Pessoa)

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Só-letrando o Amor

Meu enlevo de primeiro amor

Abrupto, incidental carinho

Não, não foi como uma flor

Botão decepado... o espinho...

Crivado fundo n'alma ficou

Tão antiga ferida latejante

Do coração paredes trincou

Traçou um destino errante...

O segundo, também primeiro

Eu e a flor, tímidos, silentes

Metafísicos tolos e verdadeiros

Faltou ousadia, covardemente...

Faltou ardor, lava nos gestos

Palavras cálidas, amordaçadas

Como se prestes a um incesto

Tantas as ânsias esfaceladas...

Assim vago pelas estradas

E diante d'alguma centelha

De tanta lenha lacrimada

Acende-se fugaz fogueira...

Seria destino ou exceção

A ternura assim negada

Como se fosse expiação

Mãos de afeto algemadas...

Tudo seria e foi-se, por um triz...

Torpor, espasmo, langor, aflição...

E eu? Eu só queria ser feliz...

Amor, perplexa inquietação...

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Com muito talento e sensibilidade, a poetisa BETH JOY montou um poetrix, extraindo o "sumo" do poema. Sinto-me honrado e agradecido por tão primorosa construção poética!

D'alguma centelha

fugaz fogueira;

... mãos de afeto algemadas!

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gajocosta
Enviado por gajocosta em 03/01/2013
Reeditado em 10/01/2013
Código do texto: T4065147
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