Caminhada
Embora eu tenha uma fome voraz pela vida
Por viver...
Tudo em minha volta exala efemeridade
Canções soam em meu ouvido
Aflorando em mim a certeza do pouco tempo que tenho
Que temos...
Percebo que cada dia que passa
É um dia a menos
Para sonhar...
Realizar...
Viver...
Não pensem vós que sou fatalista
Apenas constatei em minhas elucubrações
Que nesta vida de demasiadas incertezas
E abundantes inquietações
Não temos garantias...
E tampouco podemos precisar quando a vida irá extinguir-se!
Podemos inventar mil maneiras de adiar o fim iminente
Mas é certo que um dia ele virá
Fazendo ruir nossos castelos de certezas absolutas...
Agora estou vendo uma luz brilhar no horizonte distante...
Em breve sei que ela desaparecerá sem deixar vestígios
Quisera eu dizer-lhes que poderei contemplar esse espetáculo outras vezes
Mas proferir tais palavras seria insanidade...
Leviandade...
Estou caminhando a passos lentos...
Mas precisos...
Conscientes...
Seguindo a lealdade do meu coração de sonhador
Meus olhos agora estão projetados pro infinito
Onde não há amarras...
Limites...
Tal qual seu Criador
Isso eleva a minha espiritualidade
Engrandece-me...
Nessa vida de finitude
Fundi-me com o Infinito
Caminhei deixando pegadas pelo chão
Para quando eu não mais existir
Aqueles que vierem após mim
Possam saber que ali passei...
Fazendo valer o que tenho de mais precioso:
O agora!