Labirinto

Eu me perdi no deserto

Momento tão certo em que procurava você...

Eu te encontrei nas flores, amores, buquês

e aromas que não esqueci.

Eu te senti nas estrelas, tão belas, nebulosas

No mistério de um rubro rubi.

Eu te esqueci nas praças,

sem graças, nos bolsos,

De meu paletó.

Eu me enrolei nas cordas

Nas bordas, nas águas que rolam dos Igapós.

Eu decifrei os versos

e os terços dispersos

rezados por sábias vovós.

Eu suportei sua lima,

sua rima, seus versos dispersos

sua língua dizendo, “te vejo até!”.

Eu acreditei nas loucuras

Rasura da história

Nas glórias vazias de falsos heróis.

Enfim acreditei que você me amava

E o gosto amargo me fez ver

que viver é descobrir,

Que o que se parece com prece

às vezes carrega

um imenso vazio.

Que meu apego ao sossego, conforto,

tem um preço

que às vezes não posso pagar.

Que minha moto

tão velha

No asfalto me traz liberdade.

Que o dinheiro,

um carro maneiro

sem minha família

É prata tão rota

Fome sem saciedade.

(Marcio J. de Lima)