A MULHER IMAGINÁRIA

Já andei por muitas ruas,

ruas demais até,

andei a pé,

por ruas demais.

Conheço esquinas e becos,

alamedas e calçadas,

portas de casas e comércios

e janelas,

muitas delas fechadas,

outras tantas abertas.

Conheço a mulher imaginária.

Torso de deusa,

dentes brancos de neve.

Ela vem em minha direção.

A mulher imaginária existe.

A mulher imaginária

nem me olha.

E eu me recolho

e de joelhos peço

a atenção da mulher

imagem rara.

A mulher imaginária

ama melhor

e ama muito,

mas não me ama.

A mulher imaginária flutua

e vai para o canto escuro da lua

se banhar.

A mulher imaginária

se despe

e mostra

a intimidade intensa.

O corpo perfeito:

refulge a alma

da mulher imaginária.

E eu no escuro

reconheço as ruas

de minha cidade.

Deodato
Enviado por Deodato em 08/03/2007
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