A MULHER IMAGINÁRIA
Já andei por muitas ruas,
ruas demais até,
andei a pé,
por ruas demais.
Conheço esquinas e becos,
alamedas e calçadas,
portas de casas e comércios
e janelas,
muitas delas fechadas,
outras tantas abertas.
Conheço a mulher imaginária.
Torso de deusa,
dentes brancos de neve.
Ela vem em minha direção.
A mulher imaginária existe.
A mulher imaginária
nem me olha.
E eu me recolho
e de joelhos peço
a atenção da mulher
imagem rara.
A mulher imaginária
ama melhor
e ama muito,
mas não me ama.
A mulher imaginária flutua
e vai para o canto escuro da lua
se banhar.
A mulher imaginária
se despe
e mostra
a intimidade intensa.
O corpo perfeito:
refulge a alma
da mulher imaginária.
E eu no escuro
reconheço as ruas
de minha cidade.