Teus passos

Miras o espaço vazio e canta suas cores nos aclives

Mares onde soa os trópicos nascidos no canto do primeiro pássaro

Aprendeste a voar com asas de sol

Ias como frequência de rádio, irradiada por luzes diminutas

E de minuto em minuto se via nos olhos de uma bailarina

Aprendeste a dançar com sapatilhas de vidro

Dias primitivos enrijecem a tez da incansável menina no ponto de ônibus

Confia à retina do plebeu um abrigo pra pousar teu rosto

Aprendeste a esperar com a inércia do tráfego

Nos desenhos pitados na fumaça de seu cigarro ascendente

Pula corda com sua futura filha e conta estórias de anjos e gerações

Aprendeste a sorrir colidindo esferas

Faltaria-me a juventude e os bares

Meus sapatos já não seriam os mesmos

Somente as páginas, testemunhas envelhecidas

Dariam à pena o valor de ser ensaio

Me ensinaste a amar

"Cem em mim", quedar

O tempo

David Ribeiro
Enviado por David Ribeiro em 29/12/2012
Código do texto: T4058108
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