A palavra amor, ao natural, escrita

I

(A Palavra)

Faça de mim seus ditos,

Faça deles o que quiser.

Mas não me venham os malditos

Esconder o que eu fizer.

Vem, chora, caia em pranto

Mostre-me o quanto teme

Mostre-me o tal espanto

Que as vezes, na noite, geme.

Sou o que chamam de ombro amigo

Que protege de tudo, todos, o que te faz temer

Protejo-te do que dizes ser perigo

Salvo-te do que faria sofrer

Pois, aqui e agora é meu tempo, meu espaço;

Pois, você e eu, juntos, somos, apenas somos;

Pois, o amor pra nós, em nós é o laço;

Pois, se foi, se fui, unidos fomos;

Pois, se sofre é por que não tem meu abraço;

Pois, quem não ama não vê as cascas e os gomos;

Pois, em meu desenho só vejo teus traços, o amor.

II

(O Natural)

Pode comiserar o cheiro de jasmim

Posso comiserar teus colares

Comisera-ei-te, pois, és, pra mim,

Minhas vidas, meus lares.

És a asa que me abriga do que não é momento

És o bico que agora me alimenta

És a ave que luta contra o violento,

Que voa contra tudo, toda a tormenta.

No céu que me cobre a cabeça tu passas

Corta nuvens, tempestades,

Envolve-te nas felicidades escassas,

Pra encontrar em mim as verdades.

Sou o céu, as nuvens, teus colares

Sou o que luta, o violento

Sou as vidas, as mortes, os pares

Sou tudo o que vejo, o que invento.

Voas em mim, linda ave

Me preenche, pois sou bruto.

E você tão suave

Carrega e espalha a semente do fruto.

Fruto que chamo de amor.

Linda árvore se forma agora!

Pois, se sou o céu, a aurora

Tu és o Sol que me produz calor!

Quero continuar assim, sendo seu espaço;

Quero que continue assim, sendo meu tempo.

Conforto que encontras em meu braço,

Lição que de ti aprendo todo momento.

Pois, aqui e agora é meu tempo, meu espaço;

Pois, você e eu, juntos, somos, apenas somos;

Pois, o amor pra nós, em nós é o laço;

Pois, se foi, se fui, unidos fomos;

Pois, se sofre é por que não tem meu abraço;

Pois, quem não ama não vê as cascas e os gomos;

Pois, em meu desenho só vejo teus traços, o amor.

III

(A Escrita)

Juro-te amor eterno, juro o que jurar.

Do que vale dizer? Do que me vale chorar?

Não sou ninguém pra poder julgar

Não sou pedra pra se atirar

Sou carne e osso,

Puro reforço

De um esforço,

fundo de poço.

Juro-te amor eterno, juro o que jurar.

Sou carne e osso,

Do que vale dizer? Do que me vale chorar?

Puro reforço:

Não sou ninguém pra poder julgar.

De um esforço,

Não sou pedra pra se atirar.

Fudo de poço.

Mas se é carne o que me veste,

Se é osso o que agüenta,

Não hà palavra que preste,

Que fale do amor que me sustenta.

Infinitas páginas eu escreveria

Livros e livros editaria

E jamais descreveria

O que sinto, a enorme euforia de amar.

Pois, aqui e agora é meu tempo, meu espaço;

Pois, você e eu, juntos, somos, apenas somos;

Pois, o amor pra nós, em nós é o laço;

Pois, se foi, se fui, unidos fomos;

Pois, se sofre é por que não tem meu abraço;

Pois, quem não ama não vê as cascas e os gomos;

Pois, em meu desenho só vejo teus traços, o amor.

Lucão Menezes
Enviado por Lucão Menezes em 08/03/2007
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