Travessia oceânica

Ando por essas ruas, que não são minhas

Vago em mim mesmo, que não sou teu

Me entrego em cada esquina à bebida

Recordo a cada gole, um amor que já morreu

Na velha Lisboa, me afogo nos copos

Tua imagem no conhaque, enxergo

Linda, cabelos castanhos e soltos

Ao som do Fado que hora ouço, te bebo

Com minhas lágrimas inundo o Tejo

Faço tempestade, acordo a cidade

Mergulho, salto da ponte, me atrevo

Mato minha culpa, liberto meu desejo

Atravesso oceanos como antigo navegante

Corto ondas, venço calmarias

Chego na praia ofegante

Em busca de um amor e não de especiarias

Te vejo ali deitada a sonhar

Penetro em teus sonhos, te dou um beijo devagar

Você reconhece seu gosto

E de gozo me faz ressuscitar...

(do livro Antologia de Poesias Staurnino Pacciti - 2001)

José Benício
Enviado por José Benício em 25/12/2012
Reeditado em 27/12/2012
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