Travessia oceânica
Ando por essas ruas, que não são minhas
Vago em mim mesmo, que não sou teu
Me entrego em cada esquina à bebida
Recordo a cada gole, um amor que já morreu
Na velha Lisboa, me afogo nos copos
Tua imagem no conhaque, enxergo
Linda, cabelos castanhos e soltos
Ao som do Fado que hora ouço, te bebo
Com minhas lágrimas inundo o Tejo
Faço tempestade, acordo a cidade
Mergulho, salto da ponte, me atrevo
Mato minha culpa, liberto meu desejo
Atravesso oceanos como antigo navegante
Corto ondas, venço calmarias
Chego na praia ofegante
Em busca de um amor e não de especiarias
Te vejo ali deitada a sonhar
Penetro em teus sonhos, te dou um beijo devagar
Você reconhece seu gosto
E de gozo me faz ressuscitar...
(do livro Antologia de Poesias Staurnino Pacciti - 2001)