Nem ai

A maré cheia reclama do lixo na areia

O marujo no barco à deriva mareia

Eu ouço tua voz nas cordas duma viola

Que o artista sensatamente ponteia.

No colcheio da mínima sou criança,

Sou passaro, sou esperança

Viola feita de prata, onde está aquela

Ingrata que me deixou no meio da dança.

Enquanto na maré cheia o marujo

Pede socorro, o vento penteia

A relva sorridente no morro

Meu coração salta no peito

Não tem jeito, viola minha viola

Por ela sei que ainda morro.

Se morrer, morro feliz

E sem um pingo de remorso

No mareio do marujo

Sei que navegar não posso.

Viola minha viola

Coração plangente o nosso.

Eu morro de amor por ela

Mas ela não tá nem ai

R J Cardoso
Enviado por R J Cardoso em 08/03/2007
Reeditado em 10/03/2007
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