ASPIRAÇÃO

No início da madrugada de 20 de dezembro de 2012

Pairem meus poemas

para sempre

pássaros sem nome

sonho de palavras

jamais escritas

a serem colhidas

por mãos invisíveis

que possam escrevê-las

e assim se faça

a poesia

que nunca hei de ler

no anonimato

que ninguém saberá.

Assim me faça

desconhecida

nos poemas

das palavras anônimas

colhidas

por um autor a vir

que se saiba

ou almeje saber-se

em tal sonho de ritmos

escritos por ninguém.

Em espaço onde pairem

sempiternas

as histórias

os silêncios

de tudo o que houve

e não

neste tempo em que eu

NÃO

assim fiquem também meus hiatos

meus vazios

ausências

que poeta de outro mundo a vir

- o mesmo poeta de tempos remotos

novamente a vir -

preencha

de novo

com a própria respiração.

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