CÓPULA SELVAGEM

Marchas compassadas,

ganas direcionadas

avançam sobre o meu ego.

São eles que se deslocam

pela retina de meus olhos,

configurados, apalpados,

estranhamente dominados.

O amor esplêndido num vão enxergo;

somente eu posso distinguí-lo

ninguém mais...

e a fera presa dentro de mim

se esgueira...

Dilato as narinas com o sinal das felinas

e recebo-o desesperada e insatisfeita,

na redonda cama de mato

onde seu olfato em mim se deita.

A cópula alí se faz...

Fechando o círculo de expulsão

umedeço na minha garganta

o jacto que em mim avança.

Sorvo denegrida

a fonte real da vida.

Uivos diluídos ecoam nos seus ouvidos.

Foi-se a inércia da razão,

partiu-se o elo que me prendia,

deu-se clemência a quem pedia

subjugando o amor ante a paixão,

enquanto o sol inclemente ardia.

Rose Arouck
Enviado por Rose Arouck em 07/03/2007
Código do texto: T404231