Romance de Inverno

Era noite gélida em Poá!...

Que eu me recordo ao som irritante da Muller Martinies

cheia de seus:

tiques, taques, plac-tac, pac-puc

e o compressor com pra lá de decibéis.

Noite em que a esperança voltou;

noite em que o poeta sonhou;

noite em que a aurora cintilou

e que o rouxinol entoou

uma poesia de amor.

Entre o ai, ai, ai do coração

eu me deixei ser conduzido,

seduzido.

Em teus olhos, Juliana, acalmei meu desassossego.

Meu anelo crescia,

a ansiedade aumentava,

este bardo revivia

e toa a Poá dizia

em uma leda harmonia

que a alegria era chegada.

Juliana me olhava contente

e ao mesmo tempo chorava por dentro,

querendo adivinhar, pura curiosidade feminina,

o porquê de meus olhos serem pungentes

mesmo nos sorrisos desabrochados.

O desejo foi recíproco

que, nem a geada congelou os nossos corações.

Beijamo-nos.

Juliana e eu éramos dois amantes.

Pelos ouriçados,

coração pulsando sofregamente,

os pensamentos acelerados,

almas sonhadoras em seus arcanos mais sutis.

Febris...

Juliana me deu adeus,

a música,

o frio,

a solidão...

Tudo era real,

mas Poá nunca mais foi a mesma.

12/12/2012 23h25

Cairo Pereira
Enviado por Cairo Pereira em 17/12/2012
Código do texto: T4040649
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