Do Meu Mal, Do Meu Bem!

Como pode, minha dor, ser (assim) tão doce

que, quando fere o meu peito (frio e doente),

escorre, lentamente, como se fosse

uma lágrima de mel incandescente ?

Como pode, o meu olhar, arder tanto assim

como se houvesse (dentro dele) duas fogueiras...

queimando uma saudade sem fim

com a emoção das mais perfumadas madeiras ?

Como pode, haver tanto riso em minha tristeza...

que quem a vê, não percebe que ela existe,

mas imagina só alegrias (com certeza!)

e, certamente, só razões para eu não ser triste ?

Como pode, o meu amor, ficar tão adormecido

que não escute os lamentos da dor;

mas, apenas, sonhe o seu sonho colorido...

como se fosse o mais feliz sonhador ?

Como pode, meu coração (que ama tanto)

se esquecer (assim) daquela que tanto ama

e derramar (por outra) o seu único pranto,

sabendo que é por aquela que ele derrama ?

Como pode, esse meu amor misterioso,

que não se explica e não aceita explicação

ser (assim) tão claro, tão luminoso...

ao ponto de me explicar a solidão ?

Como pode ser tão doida e (assim) tão calma

essa solidão que nunca se desfaz

e que, apesar de atormentar a minha alma,

só sabe lhe trazer doçura e paz ?

16-12-2012

Torre Três (R P)
Enviado por Torre Três (R P) em 16/12/2012
Reeditado em 11/01/2024
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