BARCO A DERIVA

Tentei ancorar em porto seguro, mas um vento do sul soprou em favor do mar...

E como eu me lembro, estava no trapiche a tua espera, ansioso por um beijo acalorado seu!!!

E o barco longe, longe me levou...

E eu sôfrego e desesperado, num ato tresloucado, mergulhei e nadei na tua direção, impotente. Quase sem fôlego retornei à margem. Ali chorei tua perda na imensidão do mar.

Em alto mar, sentir-me como num carrossel em que as andorinhas vinham pousar no ancoradouro oferecendo um belíssimo espetáculo...

Desde o teu inesperado desaparecimento em alto mar, o único espetáculo que vejo são trevas no meu caminho...

E ali, quase fenecendo ao acaso, rolou das minhas faces, lágrimas... Lágrimas de solidão...

E no amanhecer, mais um dia passa vagarosamente, onde cada dia sem você é uma eternidade.

Eu e meu coração. Abandonados feito um cão sem dono... E eu só... Neste abandono...

Enquanto eu moribundo, vagando como um zumbi pela noite insólita sobrevivia mavórcio, e que, de tanta saudade de ti, meu amor, afligia-me uma dor imensa no meu peito, como se fossem estilhaços de vidro rasgando meu coração dilacerado.

Quantos caminhos cruzados, histórias mal acabadas...

É verdade, tanto assim que, ainda continuo morando sozinho na nossa casa... E todos os dias eu fujo dela... Perambulando sem destino... Passo pelo cinema fugaz, pois lembranças de ti invadem minha memória. Vejo uma floricultura, compro um “bouquet” sem pensar e me dou conta... É triste não ter a quem dar flores...

Pensamentos que vagueiam, tentando decifrar o enigma da solidão que teima em me acompanhar...

E eu nos poucos momentos em que sou dono da minha consciência, penso no nosso amor, intenso e mútuo... Como me faz falta o olhar da pessoa amada.

Tateei a tua procura... O vazio me amparou...

Enquanto isso sirvo-me um café frio e de gosto amargo... E vejo no fundo da xícara, a desesperança quase afogada...

Noites tenebrosas ventos em açoites e o barco a deriva, sem um porto pra pousar...

E eu, numa pousada qualquer de beira de estrada, foragido de nossa casa, e, apesar de mais uma tenebrosa madrugada, adormeço acalentado por lembranças felizes ao seu lado.

Desistir dos meus sonhos, eles não existem mais...

Jamais desistirei de te encontrar. O meu amor por ti é que me mantém vivo e te salvará da tormenta.

Meus sonhos pertencem a ti, quanta falta você me faz...

Como eu sinto a tua ausência... Será que vamos nos reencontrar... Isso ninguém pode prevê, nem o lacrimejar dos meus olhos que as mãos rápidas dispersam.

Deixe-me ficar assim, Ao sabor do vento, A favor do mar, Velejando sem leme, A esmo, sem destino... Sem direção... Nessa busca infinita, tentando te encontrar.

Pois saiba meu amor que, apesar de não ter ao meu lado, eu posso devanear e saber que a fantasia encantada de meus pensamentos, marca diariamente um encontro maravilhoso ao seu lado, e que, apesar dos desencontros, nos oceanos turbulentos da vida, onde te perco em reminiscências longínquas... É no devaneio que te encontro e te reencontro no fundo do meu coração. Portanto, onde você estiver, saiba que eu te amo demais...

Agradeço a parceria do poeta Autista em compor comigo esse poema...

Abraços caríssimo.

Val Cunha

val cunha e Autista
Enviado por val cunha em 15/12/2012
Código do texto: T4037825
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.