RELÓGIO SERTANEJO
imprestável a vítima desce abismos
azucrinos luminosos despencam demências
íngremes e abjetas como o amor que eu declaro aos seus pés
e você leva até a vertigem
como o passeio final de um desdém confessado
o baralho diz: o caos é mero bilhar de servilismos
aonde a canalhice alfandegária dos médiuns de arribação
prega retratos dos medos
nas praças devastadas da racionalidade
aonde a praga agourenta das bruxas matinais
é motivo de chacota na cascagrossa kármica
aonde as árvores de Sodoma abrigam urubus verbais,
porque a louca putana das submissões
disturba morais desvalorizadas,
porque o objeto sagrado é o cubo da burrice,
só assim se descobre: a imparcialidade é um relógio sertanejo
cujo cuco feroz ruboriza elementais recalcados,
porque eu digo o amor trucidando anacondas,
eu digo o amor de pau duro levando estrelas na cabeça,
eu digo o amor enquanto o guardião dos velórios esfaqueia almas em brasa,
eu digo o amor e você degola os meus sonhos
com o raio da ferruginosa ira de um alucinado
que já teve o turno de deus,
e o céu avermelha no meu ombro
porque dizem no amor que gente como nós
arranca do deleite o número que dá nome à Terra