MEU AMOR ME DEIXOU
Vou ao templo do boêmio
Sentar-me no meu trono
Lá não tem abandono
Ninguém é meu dono
Mesa de bar primavera de flores amarelas
Pros bebuns a mesa é uma tela de infinitas aquarelas
Lá onde é infeliz o abstêmio de outra infeliz esfera
Verei o mundo rodar
Na música tudo poderei recordar
No copo cheio etílico transbordar
Viajar pra qualquer lugar em jatinho particular
As flores de prata do champanhe flutuantes
Combinam com o berço das estrelas
Não as tenho nas mãos
Coincidência ou não
Não tenho também minha paixão amante
Mimos que o tempo me presenteou
E que o próprio tempo me levou num instante
São inábeis as coisas do coração
Onde quer que esteja é nela que estou
Mas vai passar esta dor maldita
Que só com outra dor bandida
De esquecer quem eu sou
De modo transparente
Só Bebendo da “mardita” aguardente
Este rico anseio
De esquecer seu seio
Seu colo de veludo
Agora depois de torna-lo feio
Nos braços da madrugada
Minha musa amada
Tudo passa tudo estraga
Há traças nas intrigas
Que só fazem escutar
Fatalmente acaba em briga
A negra nuvem acaba com o luar
Tudo acabou no frio tilintar
De um frio beijo de despedida
Agora beijo o copo da bebida
Esta dor ressentida e embriagada
Pra esquecer a mulher amada
Que um dia seu corpo me deu guarida
O que fazer desta vida
Meu mundo acabou antes do fim
Onde minha alma a dor não comporta
Perdi as portas do mundo enfim...
Lagrimas são as esmolas que gasto
Nos confins do meu silencio profundo
Não importa de onde eu vim
Só sei que pra esquecer-se dela
Morarei neste botequim
Pra eu mesmo esquecer-se de mim...