MEU AMOR ME DEIXOU

Vou ao templo do boêmio

Sentar-me no meu trono

Lá não tem abandono

Ninguém é meu dono

Mesa de bar primavera de flores amarelas

Pros bebuns a mesa é uma tela de infinitas aquarelas

Lá onde é infeliz o abstêmio de outra infeliz esfera

Verei o mundo rodar

Na música tudo poderei recordar

No copo cheio etílico transbordar

Viajar pra qualquer lugar em jatinho particular

As flores de prata do champanhe flutuantes

Combinam com o berço das estrelas

Não as tenho nas mãos

Coincidência ou não

Não tenho também minha paixão amante

Mimos que o tempo me presenteou

E que o próprio tempo me levou num instante

São inábeis as coisas do coração

Onde quer que esteja é nela que estou

Mas vai passar esta dor maldita

Que só com outra dor bandida

De esquecer quem eu sou

De modo transparente

Só Bebendo da “mardita” aguardente

Este rico anseio

De esquecer seu seio

Seu colo de veludo

Agora depois de torna-lo feio

Nos braços da madrugada

Minha musa amada

Tudo passa tudo estraga

Há traças nas intrigas

Que só fazem escutar

Fatalmente acaba em briga

A negra nuvem acaba com o luar

Tudo acabou no frio tilintar

De um frio beijo de despedida

Agora beijo o copo da bebida

Esta dor ressentida e embriagada

Pra esquecer a mulher amada

Que um dia seu corpo me deu guarida

O que fazer desta vida

Meu mundo acabou antes do fim

Onde minha alma a dor não comporta

Perdi as portas do mundo enfim...

Lagrimas são as esmolas que gasto

Nos confins do meu silencio profundo

Não importa de onde eu vim

Só sei que pra esquecer-se dela

Morarei neste botequim

Pra eu mesmo esquecer-se de mim...

Jasper Carvalho
Enviado por Jasper Carvalho em 15/12/2012
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