SOLIDÃO
Solidão
Nas horas mortas da noite eu me levanto,
Envolto em um manto recolhendo-me ao frio,
Quero ouvir-te querida, e de canto a canto,
Eu vou andando a sós neste salão vazio,
Passo as horas calado andando, enquanto,
Ela a dormir, repousa em colchão macio,
Seu corpo esbelto, aconchegando ao manto,
A doce tepidez dos seios luzidios,
Dorme calma, tranqüila e despreocupada,
Das glorias, da existência e da ventura,
Dorme, sonha, sorri o mundo não é nada,
Foge aos encantos da vida e serás pura,
Dorme, e nesta sala a andar eu prossigo,
Sofrendo a terrível dor de um abandono,
Não podes deixar teu leito e estar comigo,
Dorme, porque atento velarei teu sono.
SYLAS REIS
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Texto escrito em Julho de 1949 pelo meu saudoso pai.