A chuva na vidraça são as lágrimas de meus olhos
Chuva na vidraça embaçada
Do lado de dentro um quarto vazio
A cama desfeita, roupas desarrumadas
Cobertores marcados de uma noite de frio
Toalha caída ao chão, taças derramadas
Vinho manchando o tapete, rubro e forte
Camisa de batom manchada
Detalhes que remetem à morte
A chuva na vidraça são as lágrimas de meus olhos
E do lado de dentro, o coração humilhado
A cama desfeita é minha alma sem destino
O cobertor é a pele de um menino na solidão desprezado
A toalha ao chão são meus sonhos, as taças, meu sangue jorrando
O vinho derramado era a minha alegria, o tapete no chão, meu espírito implorando
A camisa, minha pele suada, por uma felina arranhada no calor da paixão
Voraz como a morte, cada um tem sua sorte, a mim coube a dura ilusão