DAMA MEDIEVAL

nenhum ópio é tão macio

quanto as coxas que você abre

saboreando o desconhecido,

abandono estado e posição no seu encontro

porque esperar da doçura o domínio do jardim

quando selvagem é o jeito de ser de pé,

alvíssaras e almôndegas servem

meras glórias corriqueiras,

e só quem busca a mulher adiante da ilusão

conhece o território de Eros procriar seres azuis

porque em cada silêncio e reticência entendo seu plano

e sei o quanto é difícil manter a sanidade

numa terra de ordenações macabras,

em todo caso estou desacostumado ao cansaço

e apenas a intensidade é extenuante

na medida do esquecimento e da ruína,

tenho o corpo costurado

porque os sonhos

se tornaram espinhosos e contusos,

e ainda que a esperança sobre intacta,

como encontrar solução

se a sua voz carrega impasses

e a minha sombra deixa no varal o sorriso

que retarda o destino

avassaladoramente acidental

na estúpida exclamação da vogal proibida

quando a cobrança é uma dama medieval

na intenção de entregar o sexo à perícia do carrasco

pois em você só é linda a ausência,

a bondade é vil