barão da esquina
cada vez
que eu saí do xadrez
era você que me buscava
no três
junto com as senhoras
católicas das cólicas
você esmolava
depravadas demoras
sabia da primavera
pela mangangava
pobre reino
o rei se foi
derrapado pneu
aonde o mendigo ora
pela sopa
qual deus
é o sabor
qual dos seus
faz o favor
quem inconvenience
na madrugada
qual o motivo
de jogar a carteira
como é que é
morar num abismo
chegando pela beira
dona dos palácios fumegantes
da razão e das cifras
como é dar de comer aos gigantes
quando a única roupa é das listras
acaso
o respeito é um rolls royce
com uma caveira de motorista
espalhando nevoeiro
pelo charuto lunar
qual o sentimento
de ver a energia do mundo
apagando
e a noite dominar
o estado vagabundo sem lamento
uma festa vândala furibunda e desconexa
aonde manda quem tem nos dentes
a fome da presa
aonde anda na manha
o dono da sanha
vigariando sem dó
uma droga pelo amor
quando o fuça-rola
é o que sobrou
quando a rua
é o reduto da sina
quando quem manda
é o barão da esquina