CAÇADOR REBELDE
colhem favos de sangue nas bancas criminais,
aonde a docilidade da mulher introduz
a armadilhas sem volta,
nunca houve um krakem no rebanho divino
apenas estranhos centauros de longos cornos e cem patas,
por isso o amor é uma arte mística desprovida de deus,
banidos os herois,
o velho carro da carnificina patrocinada reluz na origem da manhã,
quando o sol é o dente de uma sagacidade
e a cidade é deserta,
malgrado a fortuna prometa companhia e bebedeira,
não quero nada disso, quero você
porque a deificação do sentimento desvenda melancolias
e maldições que não existiriam, viesse você
tudo soaria perfeito,
porque aonde você está é perfeitamente feroz e destrutivo,
porque só assim o amor é como deve ser: furioso e sem retoques,
primitivo como um caçador rebelde
milhares de anos depois do primeiro sonho na caverna
o amor é o mais nobre dos tigres siberianos
reverenciado por mamutes quando as pedras ainda estão em brasa,
p'ra que um dia eu faça joias da saudade que sinto
avassaladora por você,
e o seu olhar seja a única gema entre a primavera e o verão