DESAVER
Eu amarguei o não haver, não existir
quando calei o canto vivo de teus olhos...
Quando varri a brisa leve em tua pele...
Quando apaguei as ledas luzes de teus lábios...
Ai! Tu me olhaste em seco enfado de não ter
os meus estímulos bordando passos teus...
As minhas glórias amparando teus sorrisos...
Os meus pulsares invadindo teus caminhos...
E os sentimentos, de infinitos, coloridos
se desbotaram na inconstância de teus gostos...
Na privação dos benefícios de tua alma,
me condenaste ao mais pesado dos vazios...
Porque não sendo para ti, não sou pra mim...
Sou sem razão e sem sentido, sou ninguém...
Um nada à sombra do teu tudo a mendigar
alguma gota de existência neste vão.
(Primeira publicação em 31 de agosto de 2011).