O ESPELHO
Vejo o meu rosto no espelho de tua pele
e percebo as rugas
provocadas pelo tempo queme corrói.
Vou morrer, não sei se de velhice ou doença,
não sei se de amor.
Eu te amo há muitos anos
e os anos cansam.
Esse amor cansado precisa se estender
sobre a rede de tua carne
e fechar os olhos
e sonhar um país outro
de perdão,
de compreensão,
de aceitação dos fatos
da velhice que vem.
O espelho não me julga
e eu espero ter a candura
de saber seguir sem chorar.