AI! SÃO TANTOS SUSPIROS

Suspira a alma em frêmitos na tarde, 
o corpo cansa com os badalos do coração,
aquela saudade louca sufoca,
evoca tristeza a lembrança das horas floridas.

As horas vazias enfileiram rosários
na tristonha amargura que teima no peito.
De todos os dias enfeitados e festivos
restou um calvário de agruras e feridas doídas.

A esperança teimosa insiste na mentira
e sempre acredita no véu dos nevoeiros;
haveria sol ao fim de toda manhã
ou chuva a regar as plantinhas do jardim.

No meio de tantos suspiros
ressurge a cor da realidade mais crua.
Não resta do amor sequer um fiapo,
está despida a alma tão triste e tão nua!

Ai! São tantos os suspiros e tão em vão!
Afoga-se a mente em águas do pensar:
ondas gigantes, de sonhos perdidos,
na viagem sem volta ao futuro amargo.

Nas fagulhas restantes do incêndio
uma brasa teimosa não quer apagar.
Sobrevive a todas as forças das vagas
e resiste valente a um dolente suspirar...