A luva

Nesta poesia vou escrevê-la na íntegra, como ela foi realmente composta. Porque vamos encontrar frases e nomes que no milênio que estamos não entendemos .

ElA foi composta pelo meu pai e só ele sabia declamá-la devidamente

A LUVA

No jardim dos leões

Diz Shirley, que se achavam,

O povo reunido em massa.

Esperavam que o Rei Francisco

Desse um sinal com a mão

Para surgir na arena

O rugidor leão!

Em derredor do circo,

estavam agrupados,

Pajens; cortesãs

Duquesas e soldados.

Misturavam-se ali

As sedas dos vestidos

das Duquesas de bons tons,

Paletós compridos. Dandis de lunetas,

E luvas de pelicas, Romeus, que procuravam Julietas ricas!

O rei dá o primeiro sinal!

Range um portão de ferro

Treme-se todos,

Ouvindo um horroroso berro!

Surge neste instante, a passos lentos,

O rei dos animais.

A juba solta ao vento,

Olhar a desprender lampejos inflamados,

Garboso a caminhar,

De uns, para outros lados

Relanceia o olhar por sobre o povo inteiro,

E descansa os membros seus,

No centro do terreiro

O rei dá o segundo sinal

Range outro portão de ferro!

Tremem-se todos,

Ao ouvirem novo berro

Surge um tigre neste instante

Raivoso com o rei, bramido horripilante!

Salta o Leão neste momento

A contemplá-lo. O olhar capaz de atravessá-lo,

Troa rudemente aos ares, e de novo,

Descansa o corpo enorme,

Olhando para o povo!

Pelo terceiro sinal do rei,

Novos portões se abriram!

Dos seus covis e orifícios saíram,

Dois leopardos!

Que investem destemidos para o tigre,

Que assesta as garras, aos rugidos!

Desprendem- se os animais.

Era horrível de vê-se.

Arrojam-se ao leão, o tigre e os leopardos!

Vigorosos, terríveis e galhardos,

Estrangulam-se ali,

Os grandes guerreiros sem espada.

A lutar, e a rolar, na arena ensangüentada.

Nisso do Anfiteatro,

Uma donzela a sorrir,

Descalce as mãos da luva,

E deixa na arena cair!

Leviana como muitas,

destas cabeças gentis,

Olhando para o seu noivo,

Estas palavras lhe diz!

Dissera que morreria por nosso amor?

Eis agora o momento, de provar-me,

Apanhando a luva dali.

O rapaz, mais de que de pressa

Arroja-se no meio da arena,

Apanha a luva no meio das feras,

Encarando-a com a fronte serena

A LUVA

Todo povo em redor, contemplando,

Desse moço a bravura sem par

Não sei, se de assombro ou respeito,

Não podia se quer respirar.

Quando á a moça, o rapaz corajoso,

lhes dá a luva, modesto e cortês,

O silêncio rompeu-se em aplausos,

E os aplausos, caíram-lhe aos pés!

E a donzela então, formosa e lânguida,

Contempla-o com profundo respeito,

E com amor sorrir!

E diz-lhe com vós trêmula, ao receber a luva...

Oh! como te ei de amar, por que descri de ti.

Mas ele recuando um passo e cortejando-a,

Desta forma agradece os comprimentos teus.

Guarde o teu amor dentro da luva,

E esqueças de mim, que eu te desprezo,

Adeus!

José Guimarase (falecido) 20 anoos
Enviado por Lício Guimarães em 05/12/2012
Código do texto: T4020845
Classificação de conteúdo: seguro