NO VENTRE DO SONHO

Na manhã de 05 de dezembro de 2012

Não me lembro da canção

que me habita

cenas de sonhos

perdidas no abrir de olhos

das manhãs.

Não me lembro das paisagens

que me habitam

árvores para as asas

igrejas para as preces

rios para o pouso dos pés.

Não me lembro da espera

que me habita

que é espera de mim

a navegar nas águas do teu sangue

- viagem que se basta em si.

Não me lembro das renúncias

que me habitam

como se tudo ocorrendo

desde sempre só depois do fim

- o que não é, sem nunca deixar de ser.

Não ouso dizer de ti nem de mim

a viver, como sempre, no que nunca pudemos

a me ver, como sempre, no ventre do sonho

de onde nunca nos foi possível emergir.

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