CONTRÁRIOS QUE SE ATRAEM
Sou calhamaço
Tu és papel almaço
Sou texto limpo
Tu és rasuras
Sou quem acha
Tu és procuras
Sou equilíbrio
Tu és desperdício
Sou casa térrea
Tu és edifício
Sou natureba
Tu és artifício
Sou doação
Tu és sacrifício
Sou liberdade
Tu és prisão
Sou amor
Tu és paixão
Cheguei a uma conclusão
Meu excesso
É tua escassez
Sou sim
Sou não
Tu és talvez
Somos parecidos nas diferenças
Divididos somos completos
Um somado dentro do outro
Loucos ou locupleto
Somos como calendários
Tu és feriado
E eu sou trabalho
Mais passamos juntos
O ano inteiro
Tu és tinta oleosa
Sou o teu tinteiro
Tu és meu jardim
Sou teu jardineiro
Tu és madeira
Sou carpinteiro
Tu és chuva fina
Sou nevoeiro...
Na cama somos só um
Tu és embriagues da carne
E eu sou o amaciante rum
Quando os ponteiros se juntam
Trocamos nossos reminiscentes “ais...”
Como os sinos agitados
Que badalam nas grandes catedrais...