Janela da Alma

Estou deixando marcas no corredor das insônias,

Alongam-se as paredes manchadas pela tênue madrugada,

Olhos vítreos mirando qualquer coisa no nada

Amo aquela janela que me observa

Com seus cílios de madeira e dobradiças velhas,

Sua almofada de mármore, suas paisagens belas.

Sentado na almofada carmim amarrotada

Enquanto o frio alinhava a alma entumecida

Pesponto lembranças atormentadas envelhecidas

Deixo marcas de amor molhando a memoria,

Nos lábios algumas notas de sol

Amornando o retrato dela

No pó, os riscos da bela janela.